quarta-feira, novembro 26, 2008

ANTÔNIO DESLUMBRADO - SOLIDÃO

ANTÔNIO DESLUMBRADO NA BOATE SOLIDÃO



Estar só, para Antônio Deslumbrado, era vagar na imensidão dos dois mundos que habitava: o dentro e o fora. Em seu lar, não se corria o risco de ser interrompido em seu vazio, visto que o mínimo de animais que ele poderia encontrar naquelas bandas de secura, todos eles, respeitavam-no, ficando, assim, as divagações livres para suprimir o universo por completo.

Antônio Deslumbrado entende menos ainda a cidade à noite, quando as pessoas parecem querer desengolir algo que puseram pra dentro a contragosto. Pára em uma boate, lugar que lhe disseram ser ótimo para espairecer, e encontra um ninho de pessoas ávidas para vomitar seus males, esgueirando-se e se tocando em uma solidão desconcentrada.

— O que falta nesta cidade é chão para ficar só e não ser interferido pelos enganos do ego.