tô tão
______ solzinho
tu tão
______ plutão
que brinco pondo
éles
____ onde
__________ eles
_______________ não
segunda-feira, julho 28, 2008
POLEMINHA SALGAZ
quinta-feira, julho 24, 2008
ELEGIA PRÉTUMA
eu vou morrer
e ficará como rastro meu
muito do que digo efêmero
os poemas, se ainda os lerem
serão resquícios de uma pouca alma
meu fragilíssimo lirismo
desmanchar-se-á com o passar dos anos
sob minha ausência tenaz
as recordações serão agruras de se esquecer
na ausência alheia
que tão cedo há de emparelhar-se à minha
o meu corpo eterno será sêmem
e o mundo se encarregará da minha imortalidade
porém o que desta consciência única carrego
de poderoso e autoconsciente
morrerá comigo
minhas palavras gravadas em papel
hão de esmaecer
minhas canções gravadas no ar
hão de se perder no espaço e degradar
meus amores hão de rir-se
como de uma piada sem graça
da qual se ri apenas pela estranheza
minhas paixões serão confundidas com mentiras
até se tornarem
eu vou morrer
e, enfim, nada do que sou restará
pois nada do que sou
do que realmente soul
assim inquebrantável e infinitamente presente
os sentidos absorverão
tem mais valor em mim o que omito
segunda-feira, julho 21, 2008
AS DEPENDÊNCIAS DE MAURÍLIA
Há duas Maurílias:
uma diante dos olhos
e outra frente às lembranças
A Maurília de hoje
maliciosa e sorridente
consome o espírito do homem frágil
numa saudade teimosa da Maurília de outrora
provinciana e pudica
O cheiro de terra molhada
da Maurília memorável
é relembrado, desejado e cultuado
no barro nojento
da Maurília moderna
A Maurília do passado contudo
ao ser presente
era como a Maurília do presente então futuro:
dispensável e vazia de emoções
A maravilha da Maurília antiga
deve-se pois à tristeza da nova Maurília
que traz aos olhos do homem frágil
lágrimas de penar e gratidão
ao desprezível ódio que agora toma o lugar
do amor de plásticos sonhos passados
quinta-feira, julho 17, 2008
MEP II
II
Davi dependurou amanhã
todo na árvore do vô
Davi cuspiu a tarde
na cabeça da tia Fátima
e apanhou a noite
numa bacia de água roxa
MEP I
I
mamãe me gritou no portão Sai
daí que quase que só tem escuro
pisei no pé do escuro e corri
o mais rápido que pude
desde aquela todas as noites
ele sussurra uma vingança
embaixo da minha cama
quarta-feira, julho 02, 2008
DESPINA & A CONFICÇÃO
oceanos indico
com os olhos mareados
desmanchando neste deserto
oceanos passo e fico
a vislumbrar a imensidão
ondulada
do teu navio distante
no qual ancoro
e me indigno
enfureço e coro
por jamais tocar
a margem da tua
miragem
existes assim
quando longe
de mim
cordilheiras andes
com teus cascos descalços
e tuas bossas dançantes
sobre as costas
então me arrebate
deste infinito
azul
deste calado alarde
deste balde profundo
quase que te sinto
cheiro de areia
quase que te troco
mas, quanto mais te chego
mais mar me sereias
existes assim
quando longe
em mim
SOBRE O CLICHÊ
acontece em mim,
se de perto vês
o que escondo em meu âmago:
borboletas bêbadas
piruetam no céu
da boca do estômago.