DA SUA VOZ I
seu falar é como um rio
fazendo-me de foz
inundação de voz
fico sempre encharcado
e quase morro afogado
por águas tão profundas
seu falar é como um rio
fazendo-me de foz
inundação de voz
fico sempre encharcado
e quase morro afogado
por águas tão profundas
DA SUA VOZ II
Deita aqui comigo
diz aquilo tudo
que você comprou uma lembrancinha pras meninas
saiu andando da casa de Ana quando ai! cortou o pé
tomou banho gelado fez mal à garganta
três pontos não doeu odeia sangue no calcanhar direito quer ver?
ia sair às três mas sentiu dor de cabeça e dormiu um pouco mais
um bêbado gritou com você e imita a voz dele
e o som da água no banho
(...)
diz aquilo tudo
não importa o conteúdo
o que me encanta é a forma
do seu som
DA SUA VOZ III
eu subterrâneo
arquiteto
o céu da boca
sem-teto
galáctica voz
arranha-céu
de Céu
eu subterrâneo
arquiteto
o céu da boca
sem-teto
galáctica voz
arranha-céu
de Céu
DA SUA VOZ IV
se você cantasse
pr'eu dormir
eu não dormiria
DA SUA VOZ V
das minhas palavras
tentei fazer o som
do gosto da tua boca
mas o som do gosto
da tua boca só cabe
nas tuas próprias
e ao lado disso minha
poesia canta funk