terça-feira, novembro 18, 2008

ANTÔNIO DESLUMBRADO - TRISTEZA

ANTÔNIO DESLUMBRADO NA PRAÇA DAS CAVEIRAS



Certas noites, depois que a casa envolvia-se num sono inebriante, Antônio Deslumbrado saltava a janela do quarto para pôr-se diante do cacto que o hipnotizava desde a infância. Seu formato era esbelto e lúgubre: assemelhava-se a um homem moribundo em uma súplica derradeira.

Antônio Deslumbrado percorrera diversas situações superficialmente desagradáveis até que, ao se aproximar de uma praça despedaçada, alguém o previne de que está entrando no ambiente mais triste do mundo. Lá, enroladas em pedaços podres de pano e papelão, pessoas feitas apenas de osso e pele gemem e se esquentam umas nas outras.

— Ora, estão cegos? Não é esta a real beleza da tristeza que deveriam exibir...

Um comentário:

; nessa disse...

é! *-------------------*