terça-feira, janeiro 08, 2008

INVASIVO

INVASIVO

Quando parei frente ao espelho pela última vez, ele, a imagem refletida, não me olhava. Olhava para ele, o outro eu, e para ele eu parara de olhar. Foi naquele exato e fugaz momento de estupidez que minha sanidade se deu conta de sua demência ao manter uma imagem dupla involuntária. Meu espelho o abraçava e, aos poucos, rachava-se. Admirei-me dividido em minúsculos eus, espalhados por aquele imenso corpo de vidro, e eus o abraçavam amorosamente; minhas palavras na boca do meu duplo.
Meçamos, então, a fatalidade deste caso: um espelho que me reflete desprende-se de mim e retoma uma vida por mim abandonada. Quem guia o espelho? Minha imagem ou sua estrutura? Qual de nós ele há de querer? E qual realmente vê?

Um comentário:

Renata disse...

eu entendi?
vou ler de novo, depois te digo se captei a mensagem.
mas eu quase chorei hahahaha
:p