quinta-feira, março 08, 2007

NADA OU QUASE

NADA OU QUASE




Eis um recorte de uma das aventuras que vivi com meu amigo Vicente Marinho (acho que pelo gosto) na época em que filmávamos um documentário inútil. Tão ínfimo, ou mais, quanto nossas pretensões.


— Ei, garotos, o que vocês estão fazendo aí?
— Nada, moço, estamos só filmando algumas latas enferrujadas, folhas secas e borboletas que rastejam. Coisas desprezíveis.
— Hum... e de onde são vocês?
— Somos alunos. Estamos em pesquisa acadêmica.
Vinte minutos depois...
— À esquerda vocês podem ver o pássaro Tuiuiú e, logo ali na frente, um belo exemplar de águia-chilena.
— Nossa, é incrível! Chega a ser amedrontador!
— Olha aqui o Tuiuiú, Vicente. Eu sabia que ele era imenso assim.
— “... mais importante por seus pronomes do que por seu tamanho de crescer”.
— Exatamente!
— Você acha que deveríamos filmar isso?
— Não, não vamos desperdiçar bateria!
— Esse cara deve estar pensando que somos loucos.
— Moço, que pássaro é aquele que está sobrevoando a reserva? Ele voa tão baixo e parece ser lindo.
— Aquilo é um urubu, rapaz!
— Vai Vicente, não perde a oportunidade. Filma! Filma!


Aquele homem havia nos viciado em nada ou quase.

3 comentários:

Carol Almeida disse...

"pois já é tarde
pois, pois já é tarde
e os urubus
só pensam em te comer..."

o bom filho à prosa volta :)

=*

poeta sórdido disse...

e isso não vi.

Anônimo disse...

rs...
ótimo!