Tentativa explicativa de retratar algumas chaves dialogais
I. Cumplicidade:
Quando os olhos engolem o corpo por dentro
e o corpo (por fora) simula
A escolha da flor pela abelha
A escolha do ser pelo outro
Frágil felicidade excludente
II. Decepção:
Ruga por onde fogem as vergonhas
A triste música dos sonhos
Lugar onde a solidão se acomoda
Um canto de imperfeição
(de preferência uma escuridão rejeitada
ou poesia sem tato)
III. Fernanda e Leandro:
Composição harmônica desconhecida
Espécie de organismo auto-regenerativo
ou redemoinho de signos
Chuvisco de tarde
(pelo gosto e cheiro agradáveis)
Sinônimo de Lê e Fel
IV. Dúvida:
Ração espiritual
Resultado de toda uma vida de esclarecimentos
O que há por detrás do céu
(como a caverna Platônica
e o sorriso amigável)
O fim de toda busca
V. Nós:
Solidão acompanhada
Quando as palavras não são medidas
(seja por excesso ou falta
a medida exata sempre se perde
um deslize irremediável intencional)
Resposta para quando a noite comunga poesia
Infração
VI. Ilbs:
Espelho do indeterminado
Cova alegre
(nas bochechas da terra)
Jeito com que se pega uma borboleta
Descanso de pedra
onde a cabeça parece flutuar
mas pousa (repousa)
VII. Batráquio:
Adepto a debater com estrelas
Indivíduo emancipado para sombra
Diz-se do recinto
ou recipiente — quando boca
para frases nulas
Estado vegetativo
(se os olhos dão frutos
batráquio está)
VIII. ...:
Comunicação via cumplicidade
(vide verbete I)
O frio dos ossos e sua voz
Pecado das línguas
(de tudo o que cala
o cerne)
Ponto infinal
IX. Intimidade:
Pólen febril de certas flores
O ritual das formigas compartilhando barata morta
(tanto para a barata quanto para as formigas
e o menino)
Aderência de verossimilhança indesejada
ou descartável aquisição de si mesmo
Perna evaporada na ebulição da espuma
(Bernardo Bertolucci o demonstrou em Os Sonhadores)
X. Vibração:
Estado hipnótico dos cágados
ou delírio
O tom vermelho da fotografia
em cômodos nauseabundos
Quando se está apto para usar os círculos n’água
(válido para fora e dentro do homem
tal como para a água-homem)
Figura do arrebatamento poético
ou pulga incoerente
(dá-se, às vezes, de esconder-se atrás da orelha da página)
2 comentários:
coisas velhas
eu não tinha visto os complementos!
do caralho!!
:**
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