sábado, junho 10, 2006

IMAGEM PALAVRA

AS MALABARÍSTICAS E INGENIAIS VIDAS INVENTADAS DE CÉSAR COMENTA, O SEM-MEMÓRIA

"Comenta gostava de sentar-se à beira do rio às vezes, sempre sozinho. Eu o observava da varanda. Seus pés dentro d’água e as mãos brincando com as pedras. Esporadicamente arremessava algumas no rio e tentava buscá-las a nado. Nunca interrompi estes momentos de solidão, achava prudente deixá-lo com suas memórias inacabadas. Certa vez ele me viu observando sua cumplicidade com o rio e acenou para que eu fosse a seu encontro. Imitei seus gestos de pernas molhadas, um pouco desajeitado por invadir o casulo de alguém, mas também feliz por fazê-lo. Lembro-me bem deste dia, Comenta ostentava uma aparência branda, de sorriso leve e contínuo, e segurava uma rosa triste. Foi a primeira vez que me falou sobre o Cavaleiro Rubro."

Absorto na degustação das idéias que me atormentam sobre o que escreverei e que, na verdade, já fora escrito. Ando meio desligado, sentindo os meus pés num chão de aquém-memória-além. É só um livro. Livro me.



flor triste

3 comentários:

Anônimo disse...

Nunca é só. Falsa modéstia? Te conheço como poucos. Muito Ítalo Calvino. Carol disse "subjetivo, etéreo, inacessível". Gostou?
Qual o seu nome?

Isabella Brito disse...

Livra-te?

Anônimo disse...

Também achei Ítalo Calvino... as vidas inventadas lembraram-me o Visconde ;)
Ah, mandei-te um e-mail hj, pedindo um help. Responde assim que puder, please!
Bjão!