MADRIGAL GENÉRICO
Não é que eu queira
discutir Nietzsche,
analisar
Marília Pêra
ou Afrodite.
Sei que desbanca
minha retórica
ao declamar
Florbela Espanca
no edredom
ou ao citar
Carlos Drummond
em devaneios.
Mas, ouça bem:
não me interessam
os seus enleios,
se você lê
o que não leio,
se você sabe
os descaminhos.
Pois você veio
de mansinho
descortinando
os próprios olhos
e agora eu —
fútil e burro —
sei que já ando
vazio, rindo
dentro do breu,
donde sussurro:
“Lindo... és lindo...
e serás meu”.